O estudo preliminar é a primeira etapa de um projeto após a contratação dos serviços. Trata-se de um estudo de massas para determinar a viabilidade do projeto. Neste momento é feita entrevista com todos os futuros usuários do edifício para determinar o anseio de cada um. É importante saber a rotina dos usuários para que o projeto seja funcional. Além da rotina, são pesquisados os gostos pessoais e referências de cada usuário. Após a entrevista, começamos a "colocar a mão na massa": levantar toda a legislação pertinente, dados do lote, informações de planos governamentais para área, análise do perfil do local (preferencialmente passado, presente e imaginar o futuro para os próximos anos).
Embora a maioria das pessoas acreditam que é uma tarefa simples e que o arquiteto local está careca de saber da legislação, não é bem assim. Em cidades que possuem Plano Diretor - uma legislação que que visa planejar o crescimento das cidades - o território é dividido em setores. Cada setor tem uma vocação dentro da cidade, dada pelos seus governantes, após consultas populares (que convenhamos, quase ninguém participa). Existem áreas que são consideradas preferencialmente comercial, industrial, residencial ou de proteção ambiental. Para cada área existirá legislação específica. Mas não é só isso: existem as legislações de meio ambiente, de acessibilidade, normas de concessionárias, proteção e combate à incêndio, tráfego.
Após fazer todo o levantamento em relação aos usuários e ao lote, tem início o desenvolvimento do partido arquitetônico, que é a tradução de todas as informações colhidas para uma proposta de projeto de arquitetura. Todas estas etapas gerarão as plantas dos pavimentos, a implantação do edifício no lote, cortes gerais (que servem para mostrar as alturas dos ambientes, a escada, o telhado, as alturas das janelas e portas) e as fachadas principais (desenho da "cara" da casa) com detalhes gerais de acabamentos, portas, janelas e telhado.
Ao final deste processo, todos os desenhos gerados são apresentados ao cliente, para que este analise se todos os seus interesses foram abrangidos, para tirar dúvidas em relação ao projeto e para fazer as alterações necessárias antes de prosseguir para próxima etapa. Nem sempre o projeto estará exatamente como o cliente esperava, por isso é importante uma reunião sem pressa para que o cliente possa explicar o que não entendeu/não gostou e para que o arquiteto, enquanto técnico habilitado, possa fundamentar o projeto e explicar o que a legislação permite ou não, e também expor seus pensamentos em relação àquele projeto.
É fundamental, portanto, que haja uma relação de confiança entre cliente e profissional, e que tudo o que for referente ao projeto seja tratado da forma mais explícita possível, inclusive quanto à verba disponível para executar o projeto, para que tudo possa ser muito bem planejado. E acredite, você não só pode, como deve dizer sempre aquilo que não acredita ter ficado como o esperado, só assim o arquiteto saberá e poderá lhe informar se é possível ou não modificar. Mas claro, sempre com respeito e cordialidade mútua.
No próximo post, vamos falar sobre a etapa do projeto legal, aquele que vai deixar seu imóvel com a documentação certinha! Até lá.
